terça-feira, 8 de maio de 2012

ABAIXO DE DEUS








Abaixo de Deus – e, dizem, o futuro a Ele pertence –, não há ex-Celsos.

Na minha pequenez, confirmada pela estatura que faria rir um titã (um menos “musical”, mais dado a sonoras gargalhadas de zombaria), recorro, grande como ele só (sinto coceira na mão para escrever Ele, que mal não faria a ele, embora pudesse causar certo constrangimento a Ele), a Machado de Assis.

O Bruxo do Cosme Velho dizia que vinte e um anos é a primeira sílaba do nosso destino (A Teoria do Medalhão). Eu, que não tive filhos, não legando, assim, minha miséria (Memória Póstumas de Brás Cubas), fico a me perguntar o que, então, há de ser um ano de idade?

Estabelecendo uma proporção matemática, não seria sequer uma letra, mesmo de uma sílaba longa. Talvez, especulo aqui, seja a inefável aspiração (como sopro e como desejo) da vida: frágil em essência, inclusive por ainda estar em estado de potência, diante de tudo o que há para (se) viver, mas, ao mesmo tempo (expressão que não faz qualquer sentido em idade assim), a fortaleza em pessoa, por tudo o que já concentra em si de promessas feitas não a alguém, e sim ao ideal de viver...simplesmente.

Quando um pai levanta o filho nos braços, alçando-o no ar, mesmo que se trate de um pai que se “ombreie” comigo em tamanho, eleva-o, como se o oferecesse aos deuses, sem intenção de sacrifício, apenas para que eles, olhando a cavaleiro, do alto como costumam enxergar, tenham ideia da dimensão do homem, inclusive dos “homenzinhos”, dimensão essa que não se compara à altura olímpica, mas que é a única que (nos) serve neste mundo...de meu Deus.

De sopro em sopro, que venha a primeira letra. De letra em letra, que chegue a hora da sílaba primeira, pequena que seja, mais vocálica, em sua facilidade de elocução, que consonantal, com suas sutilezas(?) guturais. E, a partir daí, que venham palavras sem conta, desde as monossilábicas, mal interpretadas como preferência pela solidão, até as tão polissílabas que, só de nelas pensar, dá vontade de suspirar.

Que as frases se completem. Que os períodos deem sequência um ao outro, formando um texto completo: bem maior que este aqui ou, minimalista, um que, sem meus exageros “literais”, expresse a vida por completo.


CHICO VIVAS


Share/Save/Bookmark

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails