Um nome a mais, um nome a menos... É quase como se dizer: uma palavra a mais, uma palavra a menos...como quem diz que isso pouca diferença faz, se é que faz, pois fica clara, pelas reticências, a dúvida, talvez, aí, a única certeza. E quem já calou, quando deveria ter dito uma palavra, ao menos uma, e nada mais, mesmo que então, no momento de dizê-la, não soubesse que deveria fazê-lo (porque essas coisas, infelizmente, só aprendemos depois), sabe que ela faz, sim, diferença, podendo mesmo fazer toda: um SIM, carregado com o desejo de que seja sempre assim, ou um NÃO, com a esperança de que seja momentâneo. Do mesmo modo, sem trocar as bolas, apenas invertendo o sentido, quem, em lugar de calar, ainda que, então, tenha soltado a língua para dizer um sim somente, ou nada mais que um simples não, quando melhor seria ter ficado de boca fechada, aprendeu, com as consequências inevitáveis, a diferença que há em uma palavra a mais, uma palavra a menos...
Nomes são palavras. São próprios substantivos. São simplesmente palavras que damos à gente, que nos damos, embora o recebamos, sem consulta prévia, e o levemos vida afora. Pela tradição, alguns, que têm seu próprio nome (próprio), com o tempo, com desejo (de um sim longevo), com esperança (de um não que não seja necessário), acrescentam ao seu um outro, o nome de outro, agora seu, por direito ou apenas de fato – o que é um direito seu.
E isso não é apenas uma palavra a mais, assim como um nome que some não é um substantivo a menos, porque as palavras carregam história(s), havendo mesmo a história dos nomes.
Há nomes que parecem, de cara, pesar: mas Cruz, para quem o carrega, pode ser o fardo mais leve entre os seus, se ele traz lembranças suaves; Pena, que parece um nome por demais volátil, pode ser uma verdadeira cruz, se, ida, levada Pena pelo vento, não se consegue disso se livrar, tendo de carregá-lo nas costas.
A coragem de somar ao seu mais um nome é semelhante àquela de, sem certeza absoluta, dizer uma palavra, com dúvida sobre se não seria mais prudente calá-la; de igual bravura àquela que cala em si a palavra já na ponta da língua, intuindo o valor do silêncio nessa hora, ainda que sem a garantia de que se esteja fazendo o certo.
O certo é que a união dos nomes é fato oficial. Errado, na vida, é, não se sabendo se cala ou se fala, evitar, oficialmente, unir-se (a outro nome): e o nome disso, abstrato substantivo, embora real, é: covardia.
Ser covarde é um direito que assiste a todos (nós). Mas quem lança mão desse seu legítimo direito não pode, depois, reclamar do que disse, do que deixou de dizer.
Então, viva(s) – que é o nome que carrego – à coragem das uniões.
CHICO VIVAS
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