segunda-feira, 19 de setembro de 2011

PALAVRA DADA


Aos amigos, pela lembrança...


Parece não ficar muito bem a quem, aparentemente (e as aparências “contam”), tem muito a dar, tirando do que tem, dar muito. E assim porque se supõe que, por mais que se tire do que se tem, tendo-se então muito, tirar-se-á pouco, demonstrando-se, desse modo, à parte a gentileza (aparente), que se deu por (se) dá (por dá cá aquela palha, se tanto), não tendo a subtração alterado o total. E se, querendo-se escapar dessa armadilha, dá-se pouco, quase nada, como se fizesse pouco caso, desejando-se, nessa proporcionalidade inversa, “dar” mais, quanto menos, verdadeiramente, se dá, cai-se noutra – que não é outra, senão a de que, perdoando-se o pouco dado por quem já tem pouco, não se justifica que se dê tão pouco, quanto se tem tanto.


O que tenho – aparentemente muito, aparentemente muitas – são palavras; embora nem todas igualmente valiosas; talvez mesmo bem poucas assim, como reluzentes moedas em meio a centenas de níqueis tão desgastados que já não se vê seu valor de face, e até o verso, essa coroa da cara, carecer de nitidez mínima que lhe garante uma rima qualquer.


É possível que, a essa altura, já tenha dado muitas delas, até de sobra, desejando, quem as recebe, que eu tivesse preferido dá-las menos – um(a) OBRIGADO, e nada mais. Para mim, não tendo mais o que oferecer, sempre me parecem (ah, as aparências!) poucas, por mais que perceba, mesmo sem me sentir “aliviado” pelo peso menor, dada a diminuição do estoque, já serem tantas, a ponto de alguém, solidário com outros, em ato heróico, querer que lhe dê todas as palavras que tenho, livrando-os de terem de aguentar frações que dão a impressão de jamais acabar.


Não dou! Dando-as de uma só vez, que mais eu teria para dar?


E só para pirraçar, dou mais uma, e uma que já foi dada: OBRIGADO, uma vez mais.


E que não se tenha a ilusão de que isto acaba por aqui...


Nenhum comentário:

Postar um comentário


Share/Save/Bookmark

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails